Quanto à colonização portuguesa no Brasil, os estímulos foram diferentes para a produção do território e da sua urbanização. Nos primórdios da ocupação, sua economia, baseada na produção agrícola, era orientada para a exportação, daí as planícies e os terraços litorâneos terem sido escolhidos para a implantação dos primeiros núcleos urbanos. Os sítios escolhidos eram os localizados próximos à baías ou enseadas junto dessas planícies. As primeiras grandes cidades brasileiras estiveram intrinsecamente ligadas à função de porto comercial e à função militar. As condições de tais sítios favoreciam não somente a ligação com as áreas de produção agrícola como também o estabelecimento seguro de bases militares para garantir a posse da colônia. Exceções foram as cidades de São Paulo, nesse período, de Curitiba, no século XVII, e as cidades da mineração do século XVIII, que deslocaram o eixo da ocupação para o interior do território, como Ouro Preto em Minas Gerais e Goiás Velho em Goiás.
Apesar de o século XVIII ter presenciado um grande avanço na fundação de vilas e cidades no interior do território brasileiro, esse processo se fez de forma muito descontínua, motivado tanto pela dependência do povoamento em relação às oscilações do mercado externo como também pelo esgotamento dos recursos ou pela concorrência de um produto com outro (caso da cana, da mineração e do café).
Foi um fenômeno constante a descontinuidade no crescimento das cidades do período colonial e mesmo durante o Império. Os recursos naturais, à medida que se esgotavam, levavam à estagnação desses centros. As grandes cidades mais bem localizadas sempre tiveram seu crescimento de forma mais contínuas, principalmente as portuárias. Estas podiam beneficiar-se de sua posição geográfica como centro de exportação de vários pequenos centros regionais, em que a estagnação de um era compensada pelo dinamismo de outro, e assim o grande centro conseguia sempre manter sua função exportadora. A cidade do Rio de Janeiro beneficiou-se da exportação de ouro e, quando este declinou, substitui-o pela exportação do café, que emergiu logo em seguida como o grande produto brasileiro.
Com a retomada do dinamismo do setor agrário da economia brasileira, no início do século XIX, as antigas cidades litorâneas retomaram seu ritmo de crescimento. A cana-de-açúcar, no Nordeste, permitiu que cidades como Salvador e Recife voltassem a crescer, garantindo-lhes o segundo e o terceiro lugares quanto ao número de habitantes entre as cidades brasileiras. O primeiro lugar passou para o Rio de Janeiro.
A transferência da Corte portuguesa para essa cidade, em 1808, não somente lhe permitiu o crescimento demográfico como também lhe garantiu uma transformação urbanística que a colocou muito próxima das cidades européias. Com a implantação da Corte, a criação da Academia Imperial de Belas Artes e a presença da Missão Cultural Francesa, o Brasil começou a viver momentos de transformação no perfil arquitetônico de suas principais cidades. Os edifícios públicos e a residência da Corte passaram a ser construídos segundo os modelos arquitetônicos neo-clássicos, isto é, segundo os padrões europeus.
Em síntese
Fatores históricos que contribuíram para a urbanização no Brasil:
1532, inicia-se a colonização efetiva no território brasileiro. É fundada a Vila de São Vicente;
1549, é fundada a primeira cidade brasileira, Salvador;
Século XVIII, verifica-se o primeiro surto de urbanização com o ciclo da mineração;
1808, chegada da família real;
1822, inicia-se outra etapa na evolução urbana do país com a independência;
Até 1850, a área central do município de São Paulo, urbanizou-se, principalmente, graças às atividades ligadas ao café: agências bancárias, casas de venda e de exportação. Com a instalação de indústrias, em especial no início do século XX, a cidade de São Paulo assumiu o comando da vida nacional;
Revolução de 1930 e pós-crise de 1929;
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) –substituição de importação;
Período Militar (1964-1985).
Definições
Cidades Espontâneas: Cidade espontânea ou natural é a que surgiu, cresceu e se expandiu sem qualquer plano prévio de urbanização. Caracterizam-se, por exemplo, por ruas estreitas e tortuosas.
Cidades Planejadas: É a cidade construída segundo um plano previamente elaborado, com certa ordenação interna e distribuição racional das atividades no espaço por setores (Setor Militar, Setor de Indústria, Setor Hoteleiro etc.).
Em 2000, segundo o IBGE o percentual de população urbana elevou-se para 81,2% o que corresponde a 137,6 milhões de habitantes enquanto que a rural estima-se em 25 milhões.
Victor, Letícia e Daiana